quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Minha casa parecia um sitio.
Era toda de terra, e na frente tinha um jardim lindo. Bem, não exatamente um jardim, era só um canteiro com terra, e mais nada.
No fundo tinha uma horta, tinha um pé de pessego, de mamão, de romã, uma bananeira que meu irmão brincava de nave da Xuxa (ele era apaixonado por ela), e para desespero da minha mãe, que morria de medo que tivesse algum bicho ali no meio. Tinha também uma goiabeira, em cima de um monte de terra, do lado de uma pilha de tijolos, que eu adorava usar pra brincar de casinha. Era minha "casa no alto".
A horta tinha de tudo. Couve-flor, alface, couve, cebolinha, e um monte de coisas que eu não lembro.
Todo dia tinha uma vizinha que vinha aqui, e conversando com a minha mãe, vivia beliscando as verduras da horta, e comendo. Eu achava aquilo o maximo (criança se diverte com pouco).
E inventei que faria igual. Só que a mula aqui não tinha noção de distinguir as plantas dos vasos da minha mãe das verduras da horta. E comi uma planta qualquer. Bastou eu engolir pra minha boca começar a arder e queimar. E eu a berrar feito um porco no abate.
Movimentei todo mundo em casa. Me levaram pro Pronto-Socorro, e eu gritando. Chamaram uma enfermeira. E eu gritando. Até que veio uma enfermeira, ou enfermeiro, sei lá, e espirrou uma coisa estranha na minha boca. Aí eu parei de gritar, a ardência foi passando e tudo voltou ao normal. E eu, claro tomei uma bronca enorme.

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